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Biblioteca Particular parte VI

GOUVEIA (António de). RELAÇAM em que se tratam as Guerras e Grandes Victorias que Alcançou o grãde Rey da Persia Xá Abbas do grão Turco Mahometto, & seu filho Amethe. Em Lisboa. 1611

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GOUVEIA (António de).
RELAÇAM em que se tratam as Guerras e Grandes Victorias que Alcançou o grãde Rey da Persia Xá Abbas do grão Turco Mahometto, & seu filho Amethe. As quais resultarão das Embaixadas, q por mandado da Catholica & Real Magestade del Rey D. Felippe segundo de Portugal fizerão algu[n]s Religiosos da ordem dos Eremitas de S. Augustinho a Persia.
Em Lisboa: por Pedro Crasbeeck, 1611.
¶4, A-Z8, Aa-Ee8, Ff6; [13], 226, [4, 1 br.] ff.; 210 mm. Encadernação moderna em pergaminho com cercadura a ouro nas pastas e títulos a ouro na lombada; restauros marginais. Belíssimo exemplar.
PRIMEIRA EDIÇÃO. RARÍSSIMA. António de Gouveia, frade Agostinho enviado pelo vice-Rei Aires de Saldanha ao Rei Abbás I da Pérsia no contexto das alianças entre Portugal e aquele reino contra o Império Otomano, descreve a viagem e as negociações diplomáticas que empreendeu. No final do século XVI, o grande rei Abbas I inicia o seu governo num contexto de grande turbilhão político interno e externo, com os ataques constantes dos Otomanos ao seu território. Com uma relação diplomática regular desde a tomada de Ormuz em finais de 1507, Portugal intensifica os contactos com a Pérsia a partir de finais do século, enviando várias embaixadas, entre as quais a de Frei Simão de Morais, em 1583, dos frades Agostinhos António de Gouveia, Jerónimo da Cruz e Cristóvão do Espírito Santo de que fala este texto em 1602, de Luís Pereira de Lacerda, em 1604-1605, que parte acompanhado de Frei Guilherme de Santo Agostinho ou a de Frei Belchior dos Anjos e de García de Silva y Figueroa em 1614, a fim de garantir o controlo da ilha, ao mesmo tempo que incentivava o rei Persa a persistir na luta contra o império Otomano. Por outro lado, o Papa Clemente VIII, também manifesta interesse em incrementar o esforço missionário na Pérsia e em 1600 escreve a Filipe III (II de Portugal) pedindo o envio de dois embaixadores, tendo a escolha caído em Diogo de Miranda, um militar natural de Lisboa, que conhecia bem a Índia e a América, e um religioso de Goa, Francisco da Costa, que havia abandonado a Companhia de Jesus. Este, tendo passado por Ispahan em Julho de 1599, enviou um relatório ao Papa sobre a embaixada enviada à Europa por Abbás I e onde se afirmava que este estaria bastante receptivo para a conversão ao cristianismo. (cf. GULBENKIAN, Roberto, L’Ambassade en Perse de Luis Pereira de Lacerda […], Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1972, p. 32). Tudo indica que a vontade do Papa era que a missão na Pérsia fosse controlada pela Companhia de Jesus, mas o Arcebispo de Braga, D. Agostinho de Castro, escreve pessoalmente ao Rei alegando que a Ordem de Santo Agostinho já se encontrava na Pérsia há cerca de 30 anos. Finalmente, conhecedor da presença dos ingleses na corte de Abbas I, Filipe escreve uma carta ao soberano Persa e envia-a através do vice-Rei que, novamente por intervenção do Arcebispo de Goa, D. Aleixo de Meneses, nomeia os frades Agostinhos Jerónimo de Jesus, António de Gouveia e o castelhano Cristóbal del Espíritu Santo como portadores da missiva real. O primeiro, já com cerca de 60 anos, havia sido capelão da Invencível Armada em 1588 e noviço de Meneses em Lisboa. A sua fama de santidade parece ter aumentado no tempo em que esteve na Pérsia e as suas relíquias foram transportadas de Ormuz para Goa. O último, o mais jovem, havia sido confessor de Aleixo de Meneses, acompanhando-o à Índia em 1595. Depois de alguns anos na Pérsia, regressou à Índia e daí, de novo de regresso à Pérsia para o estabelecimento da missão da Ordem de Sannto Agostinho em Isfahan, tendo morrido na viagem. (cf. FLANNERY, John, The Mission of the Portuguese Augustinians to Persia and Beyond (1602-1747), Leiden, Brill, 2013, pp. 53 ss.). O Padre António de Gouveia, o autor do testemunho da sua embaixada e da de seus companheiros, nasceu em Beja em 1575, tendo estado na Pérsia por três ocasiões entre 1602 e 1613. A Relação de António de Gouveia consiste em três partes. A primeira, que relata os acontecimentos ocorridos durante a sua embaixada, contém informações sobre os Judeus de Lara, a política económica e judicial de Abbas I ou a descrição de uma procissão em Xiraz. A segunda parte apresenta um relato detalhado das guerras entre o xá Abbas e os Otomanos entre 1603 e 1609, incluindo as conquistas das cidades de Tabriz, Marand, Jolfa ou Baku, descrevendo também com detalhe as forças militares beligerantes. A terceira parte ocupa-se da população Persa, em especial no que diz respeito à sua relação com a Ordem de Santo Agostinho e a Igreja Católica, sendo uma das mais interessantes a descrição da migração forçada do povo Arménio para os arredores de Isfahan. É uma das mais importantes fontes para a história da presença portuguesa na Pérsia naquele período. bib: Inocêncio, v.1, p. 151; v.8, p. 167; Palha 4184; Samodães, 1453; Relações entre Portugal e a Pérsia, sobre a obra pp. 268-270 e sobre o contexto histórico, p. XVIss; LOUREIRO, Rui Manuel, A Biblioteca do Embaixador, Os Livros de D. Garcia de Silva y Figueroa, n.50; BN, Portugal no Golfo Pérsico 500 anos, n.7

 

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