Boks, Photography, Manuscripts & Caricature
Lot 92:
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ILLUSTRAÇÃO Portugueza: revista semanal dos acontecimentos da vida portugueza. – II série, n.º 1, 1906 – II série, n.º 946, 1924. Lisboa: O Século, 1906-1924.
37 v.: il.; 295 mm.
Uma das mais importantes revistas publicadas em Portugal, tornando-se num dos maiores arquivos fotográficos da vida quotidiana, da política e da cultura portuguesa do seu tempo. Muito ligada a Joshua Benoliel, seu repórter fotográfico freelancer principal desde 1903 a 1918, a Illustração Portugueza confunde-se, igualmente, com o percurso de repórter daquele fotógrafo. Da segunda série em diante, da responsabilidade de Malheiro Dias, partindo de um projecto de Rocha Martis em 1903 e com a direcção artística de Francisco Teixeira, contribui para o marco inovador das reportagens de Joshua Benoliel e do conceito das revistas em Portugal ao caracterizar-se pela redução drástica de desenhos de ilustração, textos curtíssimos e predominância quase absoluta da fotografia. Segundo testemunho de Rocha Martins, várias vezes responsável pela edição da revista por falta dos seus directores, Benoliel é “o elemento gerador do triunfo deveras notável, obtido pela segunda série da Ilustração Portuguesa” (cit. de António Sena, pp. 176-177). Mas se Joshua Benoliel desempenhou um papel importantíssimo naqueles primeiros anos da revista, encontrando-se não apenas com os grandes acontecimentos sociais, mas também com a voz de um povo amargurado pelos tempos de instabilidade política e económica, também se deve contar com a participação de fotógrafos amadores, na sua maioria autores dos artigos, e de outros profissionais (e.g. Domingos Alvão ou Marques Abreu), sucedendo-se “as mais deslumbrantes reportagens” publicadas em Portugal (António Sena, p. 184). A junção da genialidade das reportagens e a facilidade técnica da publicação da fotografia, contribuiu para o enorme sucesso da revista que, em 1906, fazia uma tiragem média de 15 000 exemplares, a um preço mais baixo que as concorrentes especializadas e com o dobro das páginas e o décuplo das imagens. Com isto a produção de fotogravuras acentua-se entre 1906 e 1908. A revista informou, num artigo promocional sobre os processos de produção, que o seu repórter fotográfico, Joshua Benoliel, fazia cerca de 8640 chapas por ano, ao mesmo tempo que a contínua melhoria na banalização dos processos fazia crescer o número de amadores. Logo em 1906, a revista organiza o seu primeiro concurso fotográfico sobre o tema “A terra de mais lindas mulheres de Portugal, e em 1909, Afonso Lopes Vieira, ele próprio um amador, publica na revista um manifesto estético sobre a arte, a propósito da participação portuguesa na Exposição Internacional de Fotografia em Dresden, servindo de programa para a organização de uma exposição de fotografia artística nos salões da Ilustração Portuguesa, em Maio de 1910. Até 1918, a revista foi a maior referência na divulgação e publicação de um grande conjunto de fotografias, ilustrando, por vezes de forma genial, um país em dificuldades políticas, sociais e económicas, ao mesmo tempo que se tornava na grande potenciadora para a divulgação da arte fotográfica. É, por isso, um importante marco para a história da fotografia e do jornalismo em Portugal. RARÍSSIMA. António Sena, p. 175 e segs.
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