Biblioteca Eng.º Guedes Rodrigues
Lote 57:
FARIA (Manuel Severim de)
VARIOS Discursos Políticos. Fielmente reimpressos por Joaquim Francisco Monteiro. Lisboa: Na Offic. de Antonio Gomes, 1791.
A-Z8, [ ]; [6], 362, [2] pp.; 155 mm. Encadernação inteira de pele da época, um pouco cansada; aparado; acidez.
Segunda edição de uma obra muito importante, fundadora “da crítica camoniana seiscentista” através do texto intitulado «Vida de Luís de Camões», escrita por Manuel Severim de Faria, figura incontornável das letras portuguesas do século XVII, reconhecido como uma das autoridades de maior prestígio no seio da intelectualidade portuguesa.
Educado em casa de um de seus tios, ingressou na Universidade de Évora obtendo o grau de mestre em Artes e doutor em Teologia. Tomou posse como cónego da Sé em 1608 e em 1618 responsável pela organização do Arquivo Capitular. Com posição destacada, parece ter construído um vasto espólio arqueológico e uma importante biblioteca.
Esta é uma das suas principais obras. Composta por sete “discursos”, terá sido redigida durante os primeiros anos da década de 1620 e recitados numa das academias literárias eborenses por si fundadas. De entre os sete textos, destacam-se as biografias de Diogo do Couto e de João de Barros, o título “Das partes que há-de haver na linguagem para ser perfeita, e como a Portuguesa as tem todas e algumas com eminência de outras línguas” e, o já referido texto sobre Camões. Neste, faz a apologia da superioridade de Camões respondendo aquelas vozes que censuravam os desvios linguísticos e a inclusão de deuses pagães em Os Lusíadas. De forma até então não tentada, recorre ao poema para caracterizar traços biográficos do poeta e faz a defesa do carácter épico do poema. Segundo Severim de Faria, o ensino e o prazer estético são as principais características da poesia épica e isso é totalmente alcançado em Os Lusíadas.
As teses de Severim de Faria apresentadas nesta sua obra, deram origem a “uma intensa controvéria literária que percorre as décadas iniciais do século XVIII, sedimentando as bases para uma futura actividade de crítica literária em Portugal.” [cf. Dicionário de Luís de Camões].
¶ Inocêncio, 6, p. 106; Dicionário de Luís de Camões; JUROMENHA, Visconde de, Obras de Luís de Camões, Lisboa, Imprensa Nacional, 1860, v. 1, p. 318
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