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Biblioteca Particular – 19.Abr.

Já está online o próximo leilão da extraordinária Biblioteca Particular na ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra.

Como prometido, nos próximos meses, mensalmente, iremos leiloar a parte final desta importante Biblioteca para o ajudar a enriquecer a sua.

Desta vez, apresentamos um conjunto que, grosso modo, estão intimamente ligados às três maiores paixões deste querido e saudoso Bibliófilo: Ciência, Viagens, em especial as relacionadas com os nossos Descobrimentos e os livros antigos portugueses.

Ao longo destas duas semanas, diariamente, aqui estaremos para lhe mostrar um título dos quarenta que constam deste leilão.

Até lá, espreite o que ele tem para lhe oferecer.

Biblioteca Particular – 19.Abr.

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 de sexta-feira, dia 19 de Abril

Dados Financeiros de Venda de Livros Impressos

Dos Estados Unidos da América chegam novos dados sobre a venda de livros impressos naquele país e no mundo.

Na era da digitalização, onde a aquisição de livros por subscrição é uma realidade crescente, a venda de livros impressos, segundo dados divulgados pela ABA, tem vindo a aumentar de forma estável desde 2017.

A este dado encorajador, acresce ainda o crescimento do número de associados, indicando um aumento do número de livrarias naquele país.

Ainda segundo alguns estudos, prevê-se que o mercado de livros impressos valha qualquer coisa como 69 mil milhões de dólares no mundo inteiro, que compara com os 14 mil milhões de dólares no mercado de livros digitais e com taxas de crescimento anual de 0,37% e de 1,44%, respectivamente.

Adicionalmente, espera-se que o número de consumidores de livros impressos chegue aos 1,9 mil milhões e o de livros digitais aos 1,2 mil milhões.

Em suma, apesar do crescimento dos livros digitais, os livros impressos não só continuam a dominar o mercado, como o seu crescimento, apesar de menor, apresenta-se estável.

Apesar dos vaticínios do fim dos livros impressos, os dados mostram uma enorme resistência à total adopção do formato digital.

Mostra Frei Manuel do Cenáculo, 300 anos

A não perder, até ao próximo dia 24 de Abril, a Biblioteca Nacional tem patente uma mostra dedicada a Frei Manuel do Cenáculo evocando-se a sua obra, em especial o seu legado à bibliofilia portuguesa.

De enorme erudição, destacamos apenas o seu enorme papel na criação do embrião do que seria a Biblioteca Nacional, fundado na ambição de criar uma Biblioteca Pública. Quando é criada a Real Biblioteca Pública da Corte em 1796, doou cerca de dois mil volumes e, em 1803, já em Évora, mostrou as suas qualidades de erudito bibliófilo, reunindo cerca de cinquenta mil volumes que reuniu na Bibliboteca Pública, sendo da sua responsabilidade também a redacção dos seus estatutos onde reforçava o carácter público da Biblioteca, assim como reunia um conjunto de profissionais para a gerir e cuidar.

Sem dúvida, um grande nome da Bibliofilia portuguesa justamente homenageado pela Biblioteca Nacional por ocasião do tricentenário do seu nascimento.

Mais informações no site da Biblioteca Nacional.

Resultados do Leilão de 15 de Março

O leilão online 538 de 15 de Maro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 15 de Março

No Dia Internacional da Mulher, um livro sobre Livreiras

E porque hoje é o Dia Internacional da Mulher, nada como celebrar esse dia especial com um livro que lhes presta uma justa homenagem.

Em plena Inglaterra de Tatcher dos anos 80, três mulheres fundam a Silver Moon, uma livraria que era em si uma declaração a favor das mulheres. A Silver Moon foi a maior livraria feminista do mundo. Poderia ter fechado em 2023 – as razões assemelham-se muito -, mas foi há quase 23 anos, em Novembro de 2001 que pressionada pelos preços e pelas emergentes concentrações editoriais que encerrou as suas portas.

Em Fevereiro passado chegou às bancas um livro que conta a sua história. Ainda não chegou o nosso exemplar… Entretanto, fica aqui a ligação para a editora: https://harpercollins.co.uk/products/a-bookshop-of-ones-own-how-a-group-of-women-set-out-to-change-the-world-jane-cholmeley?variant=40278461907022

O Primeiro Regimento do Santo Ofício impresso em Portugal

PRIMEIRO Regimento do Santo Ofício impresso, segundo Regimento do Santo Ofício da Inquisição portuguesa.

Introduzida em Portugal em 1536, teve o seu primeiro regimento devidamente compilado por ordem do Infante D. Henrique em 1552, acreditando-se que tenha sido escrito por D. Baltasar Limpo, Arcebispo de Braga, pelo bispo de Angra, D. Rui Gomes Pinheiro, pelo bispo do Algarve, D. João de Melo e pelos inquisidores Pedro Álvares de Paredes e João Alvares Silveira.

Ao longo dos anos, o primeiro regimento, nunca impresso na época, foram introduzidas várias alterações, culminando com a primeira impressão e primeira grande revisão dos cânones inquisitoriais em 1613.

Este novo regimento, compilado pelo Conselho Geral, Inquisidores e alguns oficiais do Santo Ofício, dá melhores instruções relativas ao segredo do processo, tipifica a prática burocrática, estabelece as funções especiais dos deputados e ministros do Santo Ofício, estabelece resoluções para tipos diferentes de heresias e limita o poder do Bispo que, no Regimento anterior, autorizavam ou não as práticas de tortura. [cf. Bethencourt, Francisco, História das inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 46-47].

O Regimento conheceu ainda mais duas revisões com as respectivas edições, uma em 1640 e outra em 1774.

Todas as edições do Regimento do Santo Ofício são muito raras, em especial esta primeira e a segunda de 1640.

Biblioteca Particular | Sex., 15 de Março | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 de sexta-feira, dia 15 de Março

EXPOSIÇÃO
Dias 4 a 15 de Março
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

A Primeira Edição de 1493 da Crónica de Nuremberg vendida por $65.000

Um exemplar da famosíssima e importante “Crónica de Nuremberg” foi vendido por cerca de US$65.000 na leiloeira Nate D. Sanders, em Los Angeles.

Impressa em Nuremberg por Anton Koberger em 1493, a Crónica de Nuremberg apresenta a primeira descrição histórico-geográfica do mundo acompanhada de mais de 1800 gravuras em madeira.

O texto é uma história universal do mundo cristão desde o princípio dos tempos até cerca de 1490, escrito em latim pelo médico e humanista Hartmann Schedel sob o patrocínio dos mercadores Sebald Schreyder e Sebastian Kammermeister.

Aqui pode ver um vídeo publicado pela York Library sobre esta extraordinária obra.

ABAA Virtual Book Fair, Uma Feira Virtual

Começa amanhã, dia 7 de Março, a Virtual Book Fair da ABAA (Antiquarian Bookseller Association of America).

Iniciadas no período de confinamento provocado pela COVID19, as feiras virtuais foram a solução então encontrada para que as várias associações filiadas da ILAB-LILA mantivessem a actividade.

Ainda que as Associações tenham regressado ao modo presencial, algumas delas, como a ABAA, decidiram manter o formato nos anos seguintes.

Pode visitar a feira aqui – https://fairs.abaa.org/ e aqui – https://www.abaa.org/Blog/post/how-to-shop-the-virtual-book-fair – encontra um guia.

Constituições do Bispado do Porto, 1541

A primeira versão das Constituições do Bispado do Porto foram impressas a mando de D. Diogo de Sousa, por Rodrigues Álvares. A segunda edição, a primeira do século XVI, é esta, de 1541.

Impressa por Vasco Tanquo de Frexenal, impressor espanhol que se fixou no Porto entre 1540 e 1541, deixou, segundo o que se conhece, apenas 3 obras impressas em Portugal, entre elas o “Espelho de Casados” de João de Barros.

Desconhecem-se as razões da escolha de Vasco Tanquo para impressor das Constituições, sendo pouco provável, segundo D. Manuel, que o impressor se tenha deslocado propositadamente para as imprimir. Antes parece um caso de oportunidade, uma vez que durante todo o século XVI escassearam as casas impressoras naquela cidade e o espanhol encontrava-se ali em 1540.

A edição é reconhecida por D. Rodrigo da Cunha como sendo rigorosas, tendo sido o documento através do qual se governou a Diocese até à chegada de D. Frei Marcos de Lisboa, no final desse século.

Biblioteca Particular | Sex., 15 de Março | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 de sexta-feira, dia 15 de Março

EXPOSIÇÃO
Dias 4 a 15 de Março
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

Mostra Palazzi di Genova na BN

A partir de 7 de Março, a Biblioteca Nacional promove um mostra do álbum Palazzi di Genova de Rubens. Neste pequeno tratado, Rubens reproduz as formas e planos de edifícios de Génova com o objectivo de educar a burguesia de Antuérpia. A importância da obra excede o seu próprio conteúdo, tendo influenciado a arquitectura por toda a Europa, incluindo Portugal.

Nesta mostra, terá a possibilidade de ver os exemplares das edições de 1622 (a primeira), de 1652, 1663 e de 1755. Nos dias 28 de Março e 16 de Abril, o Comissário da mostra, José de Monterroso Teixeira, realizará duas palestras sobre o tema, a primeira na BN, a segunda no Palácio dos Marqueses de Fronteira.

Mais informações aqui: https://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1869%3Amostra-palazzi-di-genova&catid=175%3A2024&Itemid=1854&lang=pt

Um Resumo de todas as Crónicas ou a História como era vista no século XV

Há livros que são magníficos de se folhearem. Este é, definitivamente, um desses casos. Soberbamente impresso em Valencia, ilustrado com magníficas gravuras em madeira, é a tradução castelhana desta soberba obra do século XV, impressa pela primeira vez em latim em 1483.

Natural de Solto Colina em 1434, Jacopo Filipo ingressou no Convento de Santo Agostinho em Bergamo, tornando-se monge eremita. Interessado pela história, compôs uma crónica ordenada por anos dos acontecimentos mais importantes.

Esta tradução para castelhano por Narciso Viñoles está ilustrada, tal como a primeira edição ilustrada de 1486, com várias gravuras em madeira representado acontecimentos e lugares, totalizando 54 vinhetas impressas no texto de caracteres góticos em 44 linhas, além das letras capitulares.

Biblioteca Particular | Sex., 15 de Março | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 de sexta-feira, dia 15 de Março

EXPOSIÇÃO
Dias 4 a 15 de Março
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

Informação Importante

A ECLÉCTICA estará encerrada entre os próximos dias 21 de Dezembro a 3 de Janeiro.

Chegámos ao final de mais um ano e, como família que somos, é tempo de parar um pouco e dedicar o maior tempo possível a ela.

Todas as expedições terão de ser pedidas até às 12h00 do dia 20 de Dezembro, 4.a feira.

Quaisquer pedidos de envio feitos depois só poderão ser processados no início do ano.

Gostaríamos de agradecer a todos os que ao longo deste ano nos acompanharam. Nós somos e seremos um meio para o ajudar a fazer da sua Biblioteca, a melhor biblioteca de todas as bibliotecas.

Desejamos a todos FESTAS FELIZES.

A Família Ecléctica

Catarina & Nuno Gonçalves 

Biblioteca Particular – 13.Out.

Já está online o próximo leilão da extraordinária Biblioteca Particular na ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra e ver o catálogo em formato PDF.

Aí está mais um extraordinário leilão na ECLÉCTICA para o ajudar a enriquecer a sua Biblioteca.

Cada vez que apresentamos um novo leilão desta extraordinária Biblioteca, a dificuldade não está no que destacar, mas no que não destacar.

Todas as peças bibliográficas contidas nesta pequena selecção de 40 lotes é um hino à história e à cultura universal.

Desde uma primeira edição de um trabalho fundamental para a cultura ocidental como o Discurso do Método de Descartes, passando pela porventura mais importante primeira edição da obra de Ptolomeu da responsabilidade de Regiomontano, obra fundamental para os estudos científicos que se lhe seguiram, até à primeira edição do nosso Fernão Mendes Pinto, encontrará o melhor que a mente humana já produziu.

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Biblioteca Particular – 13.Out.

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 de sexta-feira, dia 13 de Outubro

… Baterias a 100%

A temporada de leilões 2023-2024 está aí.

Estamos de regresso ao trabalho para o ajudar a fazer da sua Biblioteca a ser a melhor de todas as bibliotecas.

E, acredite, vem aí muito…

Já em Setembro, continuamos a venda da extraordinária Biblioteca do Eng.º Guedes Rodrigues, especialmente dedicada à História de Portugal, com especial destaque para a Guerra Peninsular e período subsequente.

Mais um leilão da importantíssima e valiosíssima Biblioteca Particular que nos tem acompanhado desde 2012 está já previsto para Outubro.

O fundo do acervo da Livraria de J.A. Telles da Sylva / Margarida Soares Franco, que, pela amizade que sempre sentimos pela saudosa Margarida, nos toca no coração de modo especial, continuará ao longo de toda a época de 2023-2024.

E, finalmente, outros pequenos lotes em dimensão, grandes nos títulos estão já previstos.

Como vê, muitos e bons livros o esperam.

Se é nosso cliente, esteja atento à sua caixa de correio, se ainda não se inscreveu, faça-o clicando no botão [ REGISTO ] no canto superior direito do seu ecrã para que o possamos ajudar a enriquecer a sua Biblioteca.

A Recarregar…

A temporada de leilões 2022-2023 terminou.

Não podemos ficar mais satisfeitos pelos muitos livros vendidos que ajudaram a sua Biblioteca a ser a melhor de todas as bibliotecas.

Agora é tempo de recarregar energias e preparar o que aí vem.

E, acredite, vem aí muito…

Continuaremos a venda da extraordinária Biblioteca do Eng.º Guedes Rodrigues, especialmente dedicada à História de Portugal, com especial destaque para a Guerra Peninsular e período subsequente.

Mais um leilão da importantíssima e valiosíssima Biblioteca Particular que nos tem acompanhado desde 2012 está já previsto para Outubro.

O fundo do acervo da Livraria de J.A. Telles da Sylva / Margarida Soares Franco, que, pela amizade que sempre sentimos pela saudosa Margarida, nos toca no coração de modo especial continuará ao longo de toda a época de 2023-2024.

E, finalmente, outros pequenos lotes em dimensão, grandes nos títulos estão já previstos.

Como vê, muitos e bons livros o esperam já em Setembro.

Estaremos encerrados ao público de 3 de Agosto a 10 de Setembro. Se tem algum livro que queira receber antes de ir de férias, por favor contacte-nos com a maior brevidade possível.

Se é nosso cliente, esteja atento à sua caixa de correio, se ainda não se inscreveu, faça-o clicando no botão [ REGISTO ] no canto superior direito do seu ecrã para que o possamos ajudar a enriquecer a sua Biblioteca.

Esta semana não há leilões

Apesar dos nossos esforços, devido a problemas internos, foi-nos impossível activar os leilões desta semana num tempo que consideramos adequado.

Por essa razão, esta semana não há leilões na ECLÉCTICA LEILÕES.

Serão retomados, como habitualmente, na próxima semana.

Uma Viagem no Renascimento

Na experiência de livreiros, muitos são os títulos, numa avaliação puramente pessoal baseada apenas naquilo que é o nosso gosto pessoal, que consideramos valerem muito mais do que aquilo que percepcionamos quando a apresentamos a alguém.

A Corografia de Gaspar Barreiros é um desses casos. Talvez porque não tenha como destino o Oriente desejado pelos portugueses da época, tema muito valorizado por razões óbvias pelos Bibliófilos, a viagem descrita por Gaspar Barreiros, sobrinho de João de Barros, tem sido vista pelos coleccionadores como um título que se vai deixando para trás em favor de outros.

No entanto, a obra impressa pela primeira vez nesta edição que agora apresentamos, é um exemplo clássico do espírito de viajante renascentista onde a Itália se revelava “um espaço sagrado de inteligência e para o humanista, uma espécie de purificação espiritual.” (cf. BARRETO, p. 56)

Escrita de viagens, em diálogo com as Décadas escritas por seu tio, na sua dimensão geográfica, mas também imaginária e com referências aos Descobrimentos, a Corografia é um exemplo clássico da literatura de viagens da época, levando-nos do de Espanha até ao Norte de Itália, passando pelo Sul de França, com textos que, mais do que descreverem um lugar, se apresentam como reflexões de um tempo e mentalidade que ainda hoje nos fascinam.

É um dos impressos do século XVI em Portugal mais interessantes e especialmente raro quando completo com todas as suas partes e em bom estado de conservação.

Seguramente, um dos títulos que merece figurar na sua extraordinária Biblioteca.

Biblioteca Particular | Sex., 09 de Junho | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 9 de Junho

EXPOSIÇÃO
Dias 7 e 9 de Junho
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

A vida de uma Cidade num Importante Documento

A história das nossas cidades é uma ferramenta fundamental para a compreensão da vida e da sociedade de várias épocas. São muitos os exemplos de ensaios que, partindo de um caso particular, nos ajudam a pintar um quadro maior e mais completo sobre a organização social e económica de uma determinada sociedade.

Infelizmente, as fontes nem sempre abundam. Esta é uma excepção.

A obra que aqui vos apresentamos na sua primeira edição é uma importante resenha dos aspectos da vida na cidade de Lisboa e “um dos primeiros ensaios estatísticos que se fizeram entre nós, abrangendo não só a mobilidade demográfica, como os aspectos industrial, comercial, religioso e de beneficiência” (cf. pref. da edição de 1908).

Pela nota que nos deixa El-Rei D. Manuel, Cristóvão Oliveira foi “Guarda-Roupa” do Arcebispo de Lisboa, D. Fernando de Menezes Coutinho e Vasconcelos, tendo sido incubido por este a “se informar na verdade do rendimento do Arcebispado e Cabido da Sé”, e de todas as igrejas, colégios, mosteiros espirituais, capelas, confrarias e do número de fogos, moradores e respectivos ofícios.

Para cumprir o mandato, Cristóvão Oliveira pediu a todos os priores da cidade para lhe obterem esses dados, resultando num documento importante e fidedigno sobre a demografia e economia da cidada na época.

É obra raríssima e valiosa e fundamental em qualquer Biblioteca dedicada à história de Lisboa e de Portugal na época de Quinhentos.


Biblioteca Particular | Sex., 09 de Junho | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 9 de Junho

EXPOSIÇÃO
Dias 7 e 9 de Junho
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

Um Hino à Impressão em Portugal no s. XVI

É difícil escolher um destaque para um leilão como este. Provavelmente todos os 30 lotes mereceriam um destaque de algum género, mas teremos de dar a devida publicidade aos impressos em Portugal no s. XVI, tema muito querido pelo Bibliófilo que tanto esforço colocou na construção da sua Biblioteca.

O Livro das Constituições do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, nesta edição de 1553, é um desses casos.

Desconhecida de Anselmo, que apenas soube da sua existência através de uma nota manuscrita guardada nos arquivos da Biblioteca Nacional (cf. Anselmo, 459), esta é a penúltima edição impressa no s. XVI.

Segundo Inocêncio, a obra teve como primeiro compilador Fr. Brás de Barros, primeiro bispo de Leiria e responsável pela regorma da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, cujo principal mosteiro foi o de Santa Cruz de Coimbra.

Com todas as edições saídas dos prelos do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, é uma verdadeira obra prima no que diz respeito à impressão, contendo uma gravura de página inteira no verso do frontispício que representa uma reunião do capítulo e várias letras capitulares, todas executadas em madeira de excelente qualidade.

Um verdadeiro hino à arte negra no s. XVI em Portugal.

Veja este lote

Biblioteca Particular | Sex., 09 de Junho | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 9 de Junho

EXPOSIÇÃO
Dias 7 e 9 de Junho
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

Vida de dois Infantes do s. XV

O primeiro destaque deste leilão vai paa uma interessante e rara biografia de dois Infantes portugueses, o Infante D. Fernando, também conhecido como o Infante Santo, e a Infanta D. Joana, ambos com fama de santidade com título de Beatos atribuído pela Igreja Católica.

A obra começa com a biografia de D. Fernando. Oitavo filho de D. João I, o Infante D. Fernando vive na História de Portugal ligado às acções militares no Norte de África, em particular à falhada tomada de Tânger em 1437 que resultou na sua prisão sem nunca ter conseguido regressar a Portugal.

Nascido em Santarém a 29 de Setembro de 1402, as duas pricipais fontes para a sua biografia referem muito pouco àcerca da sua vida antes de 1433, mas é depois de 1437, quando acompanha o infante D. Henrique na expedição a Tânger, que ganha relevância histórica ao ser aprisionado após o falhanço da campanha portuguesa.

Mantido em cativeiro como moeda de troca para a entrega de Ceuta, a figura do Infante D. Fernando elevou-se, pela fé e pelo sentimento pátrio (cf. Joaquim Veríssimo Serrão, Dicionário de História de Portugal, v. 2, p. 554), ao título de Infante Santo.

Apesar da esperança que sempre manteve na sua libertação por via diplomática, tal nunca veio a suceder, tendo sido sacrificado pelos partidários da manutenção daquela cidade sob governo português.

Esta sua biografia, tal como as restantes fontes, pouco dizem sobre a sua vida anterior àquela ida a Tânger, ocupando os primeiros cinco capítulos, na sua maioria dedicados às virtudes do Infante. No capítulo sexto, refere-se a passagem a Mestre da Ordem de Avis e os seguintes à campanha de África, prisão e morte.

Tal como as outras fontes, atribui igualmente ao infante D. Fernando a vontade de se sacrificar para que os portugueses pudessem manter Ceuta. No entanto, segundo Joaquim Veríssimo Serrão, não é isso que demonstram alguns documentos enviados por D. Fernando (cf. ob.cit).

A partir do capítulo dezoito, começa a tratar-se da fama de santidade e de alguns milagres a si atribuídos. Foi beatificado pelo Papa Paulo II em 1470.

A partir do fólio 116vo, inicia-se a biografia da Infanta D. Joana. Filha de D. Afonso V e de sua primeira mulher, D. Isabel, a Infanta D. Joana teve uma educação aprimorada. Por morte de sua mãe ainda muito jovem, D. Afonso V entregou a educação da sua filha a sua tia, D. Filipa de Lencastre, uma das mulheres mais cultas daquele período em Portugal, tendo convido também com Cataldo Sículo e outros letrados.

Cedo manifestou vocação religiosa, tendo passado de Odivelas para Aveiro, onde passou grande parte da sua vida. Apesar das tentativas para a casar, movidas pelo interesse e importância óbvia em tal contrato para Portugal, D. Joana nunca casou, chegando a ter professado religião. O príncipe sentiu-se obrigado a se deslocar na companhia do bispo D. Garcia de Meneses, para que D. Joana se desligasse canonicamente dos votos de clausura.

Morreu no seu mosteiro, a 12 de Maio de 1490 e foi beatificada por breve de 4 de Abril de 1693.

 

É um documento interessante para a história de Portugal no s. XV, através da biografia de duas figuras importantes naquele período.

A obra é muito rara, ainda mais quando se apresenta completa e em bom estado de conservação.

Veja este: 

Biblioteca Particular | Sex., 09 de Junho | 21h

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 9 de Junho

EXPOSIÇÃO
Dias 7 e 9 de Junho
Livraria A Nova Ecléctica, Calçada do Combro 50, 1200-115 Lisboa
das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00

Um Novo Leilão de uma Biblioteca Particular

Esta semana, a Ecléctica Leilões recomeça a venda da importantíssima Biblioteca Particular.

Estamos na recta final dessa venda e aproximam-se grandes e importantes títulos, raros em Portugal, raros no mundo e de relevância histórica e bibliográfica.

Porventura não se tem uma grande noção do volume desta extraordinária Biblioteca que nos acompanha desde 2012, mas já vamos milhares de entradas que no final darão lugar a um catálogo impresso e com a qualidade que uma Biblioteca como esta merece. Foi compromisso que assumimos com os proprietários desde o primeiro dia e é compromisso que agora assumimos para com os nossos licitantes.

Muitos dos títulos que agora apresentamos, poderiam figurar nas capas dos catálogos das mais prestigiadas leiloeiras do mundo. Continuamos a acreditar que o Livro e a Bibliofilia Portuguesa merece todos os livros do mundo, sejam eles portugueses ou não, e o antigo proprietário desta Biblioteca também acreditava nisso.

Alguns títulos que irão encontrar nas próximas vendas são relevantes para a História do Mundo e poderiam ser capas de catálogo nas mais prestigiadas casas leiloeiras do mundo e que nunca apareceram em leilão em Portugal. Observá-las é, já por si, uma oportunidade única que não pode perder.

Ao contrário de outros leilões, cuja exposição está limitada às nossas instalações em Azeitão, para os leilões desta série, dada a sua importância, estaremos dois dias na Livraria A Nova Ecléctica, em Lisboa, para que os possa observar.

Esteja atento.

Mensalmente, iremos ter o privilégio de o ajudar a encontrar a próxima grande peça da sua Biblioteca.

Acompanhe e deixe as suas licitações AQUI.

 

Leilão de 21 de Outubro – #477

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Aí está mais um leilão na ECLÉCTICA para o ajudar a enriquecer a sua Biblioteca.

Continuamos a apresentar um conjunto de títulos de assuntos variados, desde a literatura, passando pela História até à etnografia e etnologia da chamada África Portuguesa.

De conjunto de 81 títulos, destacamos um conjunto de obras do historiador Charles R. Boxer, um exemplar da edição facsimilada da extraordinária obra “Nova Escola”, um exemplar do catálogo da importantíssima biblioteca de Sousa Câmara, com a anotação dos respectivos preços e um conjunto de primeiras edições de António Lobo Antunes.

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Leilão de 21 de Outubro – #477

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 21 de Outubro

Resultados do Leilão de 14 de Outubro

O leilão online 476 de 14 de Outubro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 14 de Outubro

Craesbeeck, o Império dos 100 anos de Impressão

Importante e, certamente, uma das mais emblemática oficinas tipográficas da Península Ibérica, em toda a História da impressão.

Fundada por um tipógrafo flamengo, de Antuérpia, Pieter van Craesbeeck (ou Petrum Craesbeeck, Pedro Craesbeeck ou Craesbeeck, consoante a época, a ocasião e o contexto…), publicou em 1597 uma reimpressão do “Index librorum prohibitum, cum regulis confectis, per Patres à Tridentino Synodo delectos”.

Esta obra, que consiste precisamente numa versão autorizada pelo Papa Clemente VIII (a quem os Católicos devem a autorização para beber café…), no célebre Index aprovado no Concílio de Trento, é impressa em Portugal como forma de respectiva divulgação.

Existe na Biblioteca Nacional um Alvará de 1595, que consiste na “Ley das duuidas que a entre os Escrivães das Correições & Tabaliães do Iudicial”, que se sabe ter sido anteriormente impresso por Pieter van Craesbeeck, muito embora não apresente indicação de impressor, localidade ou data de impressão.

A Oficina Craesbeeck durou 4 gerações, antes de desaparecer, tendo sido a responsável pela impressão de mais de 2.000 espécies bibliográficas, algumas das mais importantes publicadas em Portugal, tais como “A primeira parte das Chronicas dos reis de Portugal” ou a “Origem da Lingoa Portuguesa”, ambos de Duarte Nunes do Leão, “O Cond’estabre de Portugal D. Nuno Alvares Pereira”, de Francisco Rodrigues Lobo ou a primeira edição comentada dos Lusíadas (de Luís de Camões), por Manuel Correia.

A Associação Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas publicou o estudo “Craesbeeck, Uma dinastia de impressores em Portugal”, de João José Alves Dias, em Lisboa, no ano de 1996 (da era vulgar, como sublinhado pelo Autor, no Prefácio…).

O frontispício da importante bibliografia publicada em 1996.

DIAS, João José Alves. – CRAESBEECK, UMA DINASTIA DE IMPRESSORES EM PORTUGAL. – Lisboa: Associação Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas, 1996. – 102, [6] pp.: il.; 210 mm.

Neste livro, para além da reprodução de 100 frontispícios, encontram-se referências bibliográficas e comentários relativos aos respectivos impressos, para além de um estudo histórico introdutório sobre a Tipografia Craesbeeck, respectivos impressores, bem como sobre a ascensão e queda deste Império.

Para nós, um significado especial. A obra foi lançada por ocasião do primeiro Catálogo que compilei para a livraria de meu Pai. Um catálogo de uma extraordinária biblioteca, propriedade de um jovem bibliófilo de quem, por essa altura, me tornei amigo e a quem devo muito do que aprendi na época.

A dedicatória do meu exemplar que guardo com imenso carinho.

Alguns títulos publicados pela Dinastia Craesbeeckiana

Nascimento de uma Nova Paisagem Açoriana

Entre 27 de Setembro de 1957 e 24 de Outubro de 1958, a paisagem açoriana alterou-se. Junto aos ilhéus dos Capelinhos, teve início, no mar, uma violenta erupção vulcânica com violentas explosões.

Os materiais expelidos acumularam-se junto da chaminé, formando uma ilhota que se ligou à Ilha do Faial, a Península do Capelo.

Este título, é o primeiro levantamento e estudo sobre a erupção, com os seguintes artigos: 1. Rapport de la Première Mission Géologique par A. de Castello Branco, G. Zbyszewski, F. Moitinho de Almeida et O. da Veiga Ferreira; 2. Rapport de la Deuxième Mission Géologique, par G. Zbyszewski et O. da Veiga Ferreira; 3. Contribuição para a Petrografia dos Produtos emitidos pelo Vulcão dos Capelinhos (Faial) por C.F. Torre de Assunção; 4. Evolução Topográfica do Cone Vulcânico dos Capelinhos por F. Machado, J. M. Nascimento e A. F. Denis; 5. L’ Éruption de 1957-1958 et la Tectonique de Faial (Açores) par H. Tazieff; 6. A Erupção do Faial em 1672 por F. Machado.

Leilão de 14 de Outubro - #476

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 14 de Outubro

Obras de Fialho de Almeida

Médico por formação, cuja prática foi quase ou mesmo inexistente, Fialho de Almeida é um dos nomes mais importantes da cena literária portuguesa de finais do século XIX, início de XX.

Conhecido especialmente pelos folhetos mensais “Os Gatos”, que, segundo Jacinto do Prado Coelho possuem uma “mordacidade extrema.” Mas, ainda de acordo com o crítico, foi no conto que Fialho de Almeida se revelou “um mestre.”

Este conjunto de 12 títulos, em várias edições, são uma excelente oportunidade para ficar a conhecer melhor este enorme vulto da literatura portuguesa.

Leilão de 14 de Outubro - #476

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Cabaças da Lunda

Sem prejuízo das análises às intenções colonialistas que algumas vezes presidiram à publicação de trabalhos sobre a África em Portugal durante o Estado Novo, os anos 60 e 70 produziram alguns trabalhos notáveis de levantamento etnográfico e etnológico nos territórios colonizados por Portugal nesse período.

A colecção publicada sob os auspícios da Companhia de Diamantes de Angola contém interessantes e importantes títulos nessa matéria. Neste leilão, poderá encontrar um dos títulos da colecção inteiramente dedicada às cabaças gravadas pelos povos da região da Lunda.

Lindíssimas na sua arte, são uma das mais importantes expressões artísticas dos povos daquela região, apresentadas com rigor e com cuidado gráfico, algumas delas coloridas, num livro obrigatório para todos os que se interessam pelo assunto.

Leilão de 14 de Outubro - #476

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 14 de Outubro

Leilão de 14 de Outubro – #476

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Aí está mais um leilão na ECLÉCTICA para o ajudar a enriquecer a sua Biblioteca.

Continuamos a apresentar um conjunto de títulos de assuntos variados, desde a literatura, passando pela História até à etnografia e etnologia da chamada África Portuguesa.

De conjunto de 77 títulos, destacamos o interessantíssimo álbum publicado pela Companhia de Diamantes de Angola sobre as Cabaças dos povos da Lunda; um conjunto grande de títulos da obra de Fialho de Almeida, ainda que não em primeiras edições, é uma fantástica oportunidade de ter uma boa parte dos seus títulos publicados; ou, finalmente, o estudo sobre a actividade vulcânica na ilha do Faial.

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Leilão de 14 de Outubro – #476

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 07 de Outubro

Resultados do Leilão de 7 de Outubro

O leilão online 475 de 7 de Outubro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 7 de Outubro

Leilão de 07 de Outubro – #475

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Aí está mais um leilão na ECLÉCTICA para o ajudar a enriquecer a sua Biblioteca. No primeiro leilão do mês de Outubro, na semana em que se celebra a Implantação da República e, não menos importante, a assinatura do Tratado de Zamora que deu a Portugal o estatuto de Reino independente, trazemos mais um conjunto de grandes livros para enriquecer a sua Biblioteca.

Cheio de grandes livros, quer pelo valor, quer pela importância do seu texto, destacam-se um exemplar da primeira edição das Obras de Francisco Sá de Miranda, nome importantíssimo da poesia de quinhentos, uma primeira e única edição das Constituições Sinodais da extinta Diocese de Miranda e uma interessantíssima descrição de viagem no século XVII que se iniciou em Portugal.

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Leilão de 07 de Outubro – #475

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 07 de Outubro

Diário de uma viagem que começa em Portugal

Os livros de viagens sempre tiveram um lugar de destaque entre os coleccionadores e bibliófilos. O que é um livro de viagens ou que faz de um texto um livro de viagens, é pergunta para a qual não temos competência para uma resposta clara, pois são muitos os textos que, não tendo sido escritos com esse objectivo, se tornaram clássicos nessa matéria, tal é o sentido largo que o termo adquire.

Entre nós, existiu durante muito tempo, na maioria dos livreiros, uma estante ou conjunto de prateleiras com o título “Estrangeiros sobre Portugal”. Hoje, essa categoria desvaneceu-se, dando lugar ao mais alargado (e adequado?) termo usado pelos profissionais por todo o mundo – Viagens.

Quer seja coleccionador de “Estrangeiros sobre Portugal”, quer mais amplamente, de “Viagens”, este é um título obrigatório.

Balthasar de Monconys (1611-1665), natural de Lyon, foi enviado para Salamanca onde se interessou por Pitágoras, pelo Zoroastrismo e pela alquimia grega e árabe. Sempre com vontade de viajar para o Oriente, apenas o logrou conseguir com 34 anos de idade, tornando-se num incansável viajante.

Esta sua obra, publicada originalmente numa versão mais curta pelo seu filho, contém as suas descrições das suas viagens que, tendo começado por Portugal, passam pelo Egipto, Itália, Síria, Constantinopla, Ásia Menor, Inglaterra e Países Baixos, Alemanha e Espanha. No final, a edição tem uma longa carta escrita de Constantinopla em 1648 sobre a porte do Sultan Ibrahin, outras cartas entre o autor e os seus amigos, bem como alguns tratados sobre poesia, química, receitas, etc. Está ilustrada com mais de meia centena de gravuras de página inteira.

Um belíssimo exemplo da literatura de viagens do século XVII, com uma passagem por Portugal.

Leilão de 07 de Outubro - #475

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Francisco Sá de Miranda

Francisco Sá de Miranda é, indiscutivelmente, um dos grandes nomes da nossa literatura.

Coimbrão de nascimento, no último quartel do século XV, é provável que tenha obtido o grau de Doutor, pois assim é referido no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Em 1521 viaja para Itália onde permanece até 1526, regressando a Portugal para se instalar na Quinta das Duas Igrejas no Minho, casando mais tarde com D. Briolanja de Azevedo. Assolado por desgostos familiares – a morte da mulher e do filho primogénito em Ceuta – sabe-se que, embora bastante doente, estaria ainda vivo em 1558, morrendo pouco depois dessa data.

Nascido num ambiente cultural onde a poesia possui um carácter formal e uniformizado, patente na publicação do Cancioneiro Geral, a poesia de Sá de Miranda possui um carácter inovador, introduzindo novas formas poéticas até então ausentes do panorama literário português.

É pelo trabalho de Sá de Miranda que se introduzem, segundo Jacinto do Prado Coelho, a comédia em prosa, o decassílabo, novas estruturas estróficas como o terceto, a oitava ou o soneto ou novos subgéneros líricos como a carta, a canção, a elegia ou a écloga.

Esta primeira edição da sua obra é de extrema raridade e a única que recorre aos originais deixados por Sá de Miranda, sem os alterar, reunindo trabalhos que estarão cronologicamente situados entre, aproximadamente, 1527 até à sua morte, depois de Maio de 1558.

Leilão de 07 de Outubro - #475

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Um Pedaço da História de Miranda

Não há dúvida que as Constituições Sinodais são, de per se, um interessante objecto de estudo e colecção. Especialmente as primeiras versões impressas, no século XVI, são objecto de culto e interesse por muitos bibliófilos.

Estas Constituições Sinodais do Bispado de Miranda possuem a particularidade de nunca terem sido revistas, ao contrário do que aconteceu com muitas outras Dioceses durante os séculos XVII e XVIII.

Criada por D. João III em 1545, no contexto da elevação de Miranda do Corvo de vila a Cidade, a Diocese teve como seu terceiro Bispo, D. Julião de Alva. Em 1563, D. Julião convoca um Sínodo do qual resultam estas Constituições.

D. Julião de Alva, espanhol de nascimento, foi confessor de D. Catarina da Áustria, tendo acompanhado a monarca quando esta contraiu matrimónio com D. João III. Nomeado Mestre da Escola da Arquidiocese de Évora, foi o primeiro Bispo da Diocese de Portalegre, sendo da sua responsabilidade o mandado para a construção da Sé Catedral e cuja obra se iniciou em 1556. Em 1560 é transferido para a Diocese de Miranda, tendo exercido o seu ministério até 1564, ano em que resignou, retirando-se para Vila Franca de Xira, onde veio a falecer em 1570.

Estas Constituições são raríssimas. Inocêncio não logrou ver exemplar completo a tempo para a entrada sobre esta obra publicada no 2.º volume e na qual comete alguns enganos, apenas corrigidos no volume 9.º após ter conseguido examinar três exemplares.

Os exemplares da Biblioteca Nacional possuem falhas, apenas se registando mais um exemplar na Universidade de Coimbra. O USTC regista um total de 6 exemplares, podendo acrescentar-se o exemplar da Biblioteca de El-Rei D. Manuel.

Uma verdadeira jóia da impressão quinhentista portuguesa e da história nacional.

Leilão de 07 de Outubro - #475

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Resultados do Leilão de 30 de Setembro

O leilão “História & Arte” de 30 de Setembro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 30 de Setembro

Ordenações Manuelinas na edição impressa por Cronemberg

O corpus legislativo português sofreu uma enorme transformação com as Ordenações Manuelinas, muito em virtude da existência de uma nova tecnologia – a impressão por caracteres móveis.

Desde o início do reinado de D. Manuel que se iniciou um esforço de compilar os livros de ordenações, capítulos de cortes e leis extravagantes para “acabar em breve para que os vossos julgadores saibam o que hão-de julgar e o que Vossa Alteza manda guardar em seus reinos.” [Cortes de 1498, citado a partir de Alves Dias, Ordenações Manuelinas, 500 anos depois, p. 24]

Catorze anos depois, em 1512-1513, conhecia a tinta dos prelos o primeiro sistema de Ordenações Manuelinas.

Durante muito tempo, julgou-se que teriam existido dois sistemas. Aquele primeiro de 1512-1513 e um segundo, a partir de 1521. No entanto, em 2012 uma nova luz se acendeu na história do Direito português ao descobrir-se um terceiro sistema, o segundo na cronologia, de 1518.

Esse desconhecimento durante tanto tempo deveu-se a um facto relativamente simples e de fácil compreensão. Dada grande produção legislativa do Portugal de XVI e da capacidade de difusão alargada com a impressão móvel, proliferavam versões desactualizadas que era necessário substituir. Deste modo, D. Manuel manda que “qualquer pessoa que tiver as Ordenações da impressão velha a rompa e desfaça de maneira que não se possa ler.” [Alvará Régio de 15 de Março de 1521, citado de ALVES DIAS, ob. cit, p. 177]

A edição de 1521 que por ora apresentamos no nosso leilão, num exemplar com algumas falhas, é, assim, a primeira edição do terceiro sistema que vigorou até 1603, ano em que entrou em vigor as chamadas Ordenações Filipinas.

Ainda que o nosso exemplar esteja com vários defeitos e faltas, é, sem sombra de dúvida, uma adição que enriquecerá qualquer biblioteca.

Sobre este assunto, leia-se DIAS, João Alves Dias, Ordenações Manuelinas, 500 Anos Depois, BN, Lisboa, 2012

Veja este e outros lotes no nosso próximo leilão de 30 de Setembro.

Leilão de 30 de Setembro - História & Arte

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Um exemplar único da Crónica da Companhia de Jesus no Brasil

Na minha vida de livreiro e leiloeiro, por vezes acontecem coisas espantosas e surpreendentes. Muito raramente acontecem coisas únicas, possivelmente irrepetíveis.

Quando comecei a trabalhar neste lote, fi-lo com o mesmo zelo com que encaro todos os lotes que coloco em leilão, seja com base de licitação de 5€ ou de 5000€. Comecei, como sempre faço em títulos impressos até ao século XVIII, por colaccionar o exemplar.

É um exemplar desencadernado, com as duas partes provenientes de dois exemplares diferentes e, percebi quase de imediato, com falhas. Continuei, com o mesmo zelo, mas com pouco entusiasmo.

Mas o livros têm destas coisas. Por vezes, quando tudo leva a querer que vai ser um dia normal, eis que viro a página 177 e, na oposta, está o número 179.

Não podia ser… Parei e abri a bibliografia…

Voltei ao exemplar para confirmar ainda incrédulo.

Confirmado. O exemplar possuía mesmo um dos 10 cadernos que se salvaram da censura inquisitorial com as páginas 179 a 185 onde o Pe. Simão de Vasconcelos defende que o Paraíso havia de ficar por terras brasileiras.

Para o livreiro e leiloeiro, o Paraíso, por momentos, foi mesmo à sua secretária em Azeitão.

Leilão de 30 de Setembro - História & Arte

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Uma lei de 1539

As leis impressas no século XVI são sempre um objecto muito raro de encontrar. Ao contrário do livro, objecto, como a sua história o demonstra, com uma enorme longevidade (será que os suportes digitais alguma vez sobreviverão 500 ou mais anos?), estas folhas, de carácter muito efémero, tendem a não se encontrar de forma alguma.

Esta, ainda que, infelizmente em mau estado, é um desses casos raros. Impressa em 1539 por Germão Galharde, trata de um assunto sensível para a Coroa portuguesa – quem podia, na época, desempenhar funções relacionadas com o Direito para a Coroa?

Nela são desenhados padrões de formação mínima necessária para esses cargos.

Uma curiosidade acessível a todos.

Leilão de 30 de Setembro - História & Arte

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 30 de Setembro

Leilão de 30 de Setembro – História & Arte

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Em quase todos os leilões, temos alguma dificuldade em destacar lotes. Para a Ecléctica, todos os títulos são importantes, porque são IMPORTANTES PARA SI e PARA A SUA BIBLIOTECA.

Ocasionalmente, há leilões em que temos menos dificuldade, porque há lotes que se destacam por si, não porque sejam menos importantes que outros, mas porque a sua raridade é tal que os torna de imediato no destaque natural.

 

É o caso do lote 19, VASCONCELOS (Pe. Simão de). CHRONICA da Companhia de Jesv do Estado do Brasil […] Lisboa, 1663 do nosso próximo leilão.

É o primeiro exemplar que conhecemos com as folhas do texto original do Pe. Simão de Vasconcelos para o final da Primeira Parte. Censurados pelo Inquisidor, as páginas 179 a 184 foram substituídas por outras, numeradas a partir da página 185. Sabe-se que já haviam sido impressos 10 exemplares dessas páginas que foram de imediato retiradas e oferecidas pelo autor a alguns seus amigos. Até hoje nunca foi vendido em leilão qualquer exemplar com os fólios censurados, fazendo deste exemplar, único.

Nem mesmo a ausência do primeiro fólio de texto – infelizmente um defeito grave no exemplar – consegue retirar importância ao lote.

 

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Leilão de 30 de Setembro – História & Arte

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Resultados do Leilão de 23 de Setembro

O leilão “História” de 23 de Setembro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 23 de Setembro

Incunábulo

Incunábulo é o termo utilizado para designar os livros impressos em caracteres móveis até 1501. 

O termo usado no contexto da bibliofilia foi fixado por Beughem, em 1688, ao publicar uma bibliografia onde se listavam cerca de 3000 títulos impressos até 1501 e cujo título era Incunabula Typographiae. A partir dessa data, o incunábulo tornou-se numa categoria distinta de livros. 

Um incunábulo caracteriza-se em boa parte dos casos pela ausência de título, texto no primeiro fólio impresso a duas colunas e dados relativos ao pé de imprensa no cólofon. Deve distinguir-se da impressão de gravuras ou de livros impressos em blocos de madeira que não são considerados incunábulos.
Conhecem-se cerca de 27000 edições separadas de incunábulos, variando o número de exemplares impressos conforme o capital disponível e o número de vendas esperado. Registos sobre o número de exemplares por cada edição são muito raros, mas parecem ter aumentado ao longo do tempo, chegando a cerca de 1400 para a edição latina da famosa Crónica de Nuremberg impressa naquela cidade em 1492. 

A British Library tem disponível para consulta na internet o seu Incunabula Short Title Catalogue (http://www.bl.uk/catalogues/istc/ – consultado a 26/10/2017) que pretende registar todo o material sobrevivente impresso em caracteres móveis até 1501, incluindo algumas edições do século XVII cuja datação foi erroneamente atribuída como sendo anterior. 

Sobre incunábulos portugueses existem algumas bibliografias essenciais, além dos óbvios Dicionários de Inocêncio e Barbosa, a Bibliografia Geral Portuguesa, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1941-1983 ou a obra de Konrad Haebler, Bibliografía Ibérica del Siglo XV, publicada originalmente em 1903 são fundamentais. Outras fontes são o catálogo da Biblioteca d’El Rei D. Manuel II. 

Pela ECLÉCTICA LEILÕES já passaram vários incunábulos, alguns deles muitíssimo importantes para a história do livro, nomeadamente os extraordinários Schedell e a sua Crónica de Nuremberg ou o Canto de Polifilio. De entre os incunábulos portugueses orgulhamo-nos de já ter tido um exemplar parcial do Comentário ao Pentateuco de Moises ben Mahman, impresso em Lisboa em 1489 e um exemplar das Cartas de Cataldo Sículo impresso por Valentim Fernandes em Lisboa, 1500.

BEUGHEM, Cornelis van 

Bibliógrafo holandês que trabalhou com vários impressores de Amsterdão, tendo fundado a sua própria livraria na localidade natal de Emmerich, em 1680. Compilou várias bibliografias temáticas de extraordinária qualidade, entre as quais a primeira bibliografia sobre Incunábulos, Incunabula Typographiae, em 1688.

Uma Carta Náutica de 1492

A historiografia dos Descobrimentos Portugueses está, felizmente, cheia de publicações relacionadas com a cartografia. São exemplos disso os esforços do Visconde de Santarém, com o seu importantíssimo Atlas ou a publicação nos anos 60 da Portugalliae Monumenta Cartographica.

Especialmente nos anos 90 e 2000 foram publicados vários títulos relacionados com a Cartografia, entre eles a edição fac-similada em tamanho real da mais antiga carta portuguesa, assinada e datada, que se conhece.

A Carta Náutica de Jorge de Aguiar, datada de 1492, foi revelada pela primeira vez em 1968, no decurso de um encontro de académicos em Coimbra. Pertencente à colecção de mapas da Biblioteca da Universidade de Yale, logo causou grande burburinho, tendo sido vários os estudos que se lhe dedicaram.

Desde logo Armando Cortesão, conhecedor da Cartografia Portuguesa, que, nesse mesmo ano, publica um artigo nas Memórias da Academia das Ciências de Lisboa [ tomo XII, 1968, pp.201-211 ], onde se reproduz a preto, que a voltou a reproduzir em tamanho reduzido na sua História da Cartografia. A segunda edição da Portugalliae Monumenta Cartographica [1987], também viu a carta ser reproduzida em tamanho reduzido.

Esta edição é a primeira que reproduz a cores e em tamanho real o importante documento que passou a constituir, pela sua antiguidade e assinatura, um marco muito importante na história da cartografia portuguesa e está disponível –> AQUI <–

Quando a Sangria era Aceitável

A sangria ou flebotomia é uma prática terapêutica com milénios de existência. Segundo os historiadores, a prática nasceu no Egipto, espandindo-se, ao longo da história, por todo o mundo.

Ainda que tivesse sido, desde muito cedo, uma prática contestada por alguns, a verdade é que ela se difundiu enormemente, sendo bastante comum o seu uso para o tratamento dos mais variados sintomas de doença, desde uma enxaqueca à peste, havendo até aqueles que a praticava apenas porque acreditavam nos seus benefícios para a sua saúde.

A grande maioria das vezes, a prática era mantida pelos chamados cirurgiões-barbeiros, que, além do uso da tesoura para o tratamento da barba e do cabelo, usavam a sua firmeza de mão para tratar dentes, calos e para praticarem actos cirúrgicos mais complexos, entre eles a flebotomia.

Este pequeníssimo tratado que está no leilão da próxima 6.a feira, dia 23 de Setembro, é um manual anatómico para que homens sem formação médica praticassem a sangria com mais informação. Além da prática da sangria, este pequeno tratado possui um capítulo dedicado à prática da cesariana.

Uma obra curiosíssima e interessante para todos os que têm a medicina como tema da sua colecção.

Veja este e outros lotes –> AQUI <–

Descrição da Cidade do Porto, 1789

A história local foi sempre um assunto muito procurado nos alfarrabistas portugueses. Em todas, quase sem excepção, havia uma estante dedicada a essa temática, por norma até com uma sub-secção dedicada à história do local da sede.

Neste próximo leilão de 23 de Setembro, consta um exemplar de um dos mais importantes textos de finais do século XVIII sobre a cidade do Porto.

Publicado pela primeira vez em 1789, é um fidelíssimo testemunho do estado da cidade naquela época. Escrito pelo Pe. Agostinho Rebelo da Costa, a obra possui um capítulo preliminar intitulado “Descripção Preliminar da Província d’ Entre-Douro e Minho” e está ilustrada com 4 belíssimas gravuras, a saber, um mapa da Província de Entre-Douro e Minho; uma vista da cidade do Porto; um plano que mostra a ordem com que os Desembargadores da cidade do Porto Despacham na Relação; e, finalmente, uma Planta Geográfica da Barra da Cidade do Porto.


Aparecem alguns exemplares no mercado, mas quase sempre com falta de uma ou mais gravuras, em particular a grande vista da Cidade do Porto.

Exemplares completos, como o que apresentamos neste leilão, são raríssimos.

No historial da Ecléctica Leilões, apenas vendemos um outro exemplar completo – https://www.eclecticaleiloes.com/auction/224-biblioteca-particular-parte/lot-78-costa-agostinho/ – que foi vendido por 600€ (mais comissões).

Já tivémos outros exemplares, mas sempre faltos de uma ou várias gravuras.

Aproveite para licitar agora –> AQUI <–

Leilão de 23 de Setembro – História

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Esta semana, propomos um conjunto de títulos, na sua grande maioria relacionados com a História de Portugal e Universal.

De entre os 45 lotes deste conjunto, destacamos:

um exemplar completo da primeira edição da Descrição da Cidade do Porto do Pe. Agostinho Rebelo da Costa [ AQUI ];

a sempre interessante descrição de um dos leilões mais emblemáticos que aconteceram em Portugal pela pena de Matos Sequeira, intitulado No Leilão Ameal [ AQUI ];

uma colecção com a parte referente às Décadas de Diogo do Couto na fantástica edição do século XVIII [ AQUI ];

e, finalmente, mais três volumes da importantíssima Gazeta de Lisboa [ AQUI ], [ AQUI ] e [ AQUI ].

Leilão de 23 de Setembro – História

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 23 de Setembro

Dez anos de uma grande Biblioteca

A Ecléctica leilões está de parabéns. Há 10 anos que apresentámos o primeiro catálogo de uma das maiores e melhores bibliotecas privadas portuguesas alguma vez reunidas. Sem falsas modéstias, esse dia 5 de Junho marcou, não só a nossa empresa, mas também a forma como os catálogos eram (e ainda são) apresentados e a história da Bibliofilia em Portugal.

Desde 1992 que nos habituámos a ver o proprietário desta extraordinária Biblioteca em todos os alfarrabistas de Lisboa, Porto, Madrid, Londres ou Paris, e em todos os leilões de livros em Portugal. Era um daqueles homens extraordinários, humilde, sempre com uma boa dose de conversa e com uma paixão única pelos livros. Uma daquelas paixões que contagia e que, para um jovem livreiro como eu era na época, transformava o homem em ídolo e modelo.

Nos leilões, para alegria dos leiloeiros e tristeza dos competidores, quando levantava a mão para licitar era quase certo que iria ganhar o lote. Obstinado, não deixava que lhe roubassem aquele lote que tanto queria, chegando por vezes à irracionalidade que todos os coleccionadores querem combater, mas à qual, em algum momento, sucumbem.

Os seus temas centrais eram a história dos Descobrimentos portugueses e a ciência e não hesitava em adquirir desde o livro mais importante, raro e valioso, até ao pequeno folheto de 500 ou 600 escudos. A sua motivação nunca foi outra que não a paixão do livro pelo livro, jamais preocupado com a valorização ou desvalorização de um qualquer título, sem qualquer arrependimento, mesmo quando comprava títulos repetidos (quem nunca).

No final da vida, passava ao final do dia pelo meu espaço na Rua de O Século várias vezes por semana. Muitas foram as horas de conversa sobre livros e pouco mais. E já cansado e idoso, algumas vezes adormeceu nos meus sofás azuis por 5 ou 10 minutos. Nunca o acordei, sabia que não eram os sofás que o descansavam, era a companhia dos livros nas estantes e isso deixava-me feliz e até invejoso.

O primeiro leilão foi ainda uma selecção feita por si, com a minha ajuda e a de seu filho. Infelizmente não lhe pude mostrar esse primeiro catálogo. Faleceu cerca de um mês antes. Fá-lo-ia com orgulho de aprendiz para mestre, eternamente agradecido.

A comemorar 10 anos, recordo esse primeiro catálogo, mostrando-o com o mesmo orgulho pelo meu trabalho e com ainda maior dose de agradecimento nas pessoas das suas três filhas e do seu filho, em especial a este último que tem acompanhado este longo e nem sempre fácil processo mais de perto.

Para comemorar estes 10 anos, nas próximas semanas iremos recordar alguns dos títulos mais marcantes (e não exclusivamente pelo valor ou importância) que pertenceram a essa Biblioteca e têm sido (e continuam a ser) vendidos quer em leilões presenciais, quer em leilões online.

Destruição de Livros

Na longa história da memória escrita, desde a escrita cuneiforme até à era digital, todos os homens e em todo o tempo lhe reconheceram o enorme valor e importância. Muitos são os testemunhos de verdadeira devoção e até sacrifício pela sua reunião e preservação para as gerações vindouras.

No entanto, nem sempre esse reconhecimento é testemunhado pela acção altruísta de quem acredita que a partilha de conhecimento e de arte é um dos passos fundamentais para a evolução da humanidade como um todo.

Momentos houve na história onde a memória escrita, em particular o livro, foi sujeito à destruição, seja provocada por quem reconhece nele o valor e importância e, por isso mesmo, o receia e deseja apagar, seja por acidentes ou como “danos colaterais”, o que quer que isso signifique.

Partilhamos convosco algumas dessas histórias de destruição de alguns registos da história e da arte da humanidade.

Nem sempre o homem foi o principal agente da destruição. Em 1666 Londres foi destruída por um devastador e misterioso incêndio. Apesar de incríveis esforços por parte de alguns, as perdas foram tais que um historiador num obra recente comparou a perda bibliográfica de 1666 com a perda da Biblioteca de Alexandria (vd. BELL, W. G., The Great Fire of London in 1666).

Entre nós, 1755 é um ano que não esqueceremos por mais séculos que passem. Lisboa via-se destruída e com ela uma grande parte da Biblioteca Real, perdida para sempre.

Neste século, é bastante conhecido o destino dado pela Alemanha Nazi a milhões de livros, a maioria de temática Judaica. A derrota da Alemanha representou uma grande vitória para o mundo, mas, como em todas as guerras, não sem custos humanos e materiais. Os livros também fizeram parte desses custos.

Na noite de 9 de Março de 1943 mais de 500 toneladas de bombas foram largadas em Munique pela Royal Air Force. Tal força destrutiva fez desaparecer cerca de meio milhão de livros da Biblioteca da Baviera, entre os quais a maior colecção de Bíblias então existentes no mundo.

Em Berlim, durante os ataques à Universidade de Berlim, cerca de 20000 volumes ficaram reduzidos a cinzas. Nos sucessivos bombardeamentos de Fevereiro e Março de 1945 a Saechsische Landesbibliothek de Desden perdeu quase 300.000 livros. Os bombardeamentos em Frankfurt arrasaram com a Stadtbibliothek e a Biblioteca da Universidade, perdendo-se mais de 550.000 títulos. E Hamburgo viu desaparecer 600.000 livros entre 1943 e 1944.

Nem nos anos mais recentes, a tentativa de eliminar o registo escrito ficou adormecida. Salman Rushdie é um dos casos mais conhecidos quando, em 1988 publica a primeira edição dos seus ‘Versículos Satânicos’. Em 2001, o Ministro da Cultura Egípcio mandou destruir numa pilha de fogo mais de 6000 volumes da poesia de Abu Nuwas, apesar de ser considerado um clássico da literatura árabe.

Não consigo ficar indiferente quando leio estas histórias de destruição. Mas também não consigo, ao mesmo tempo, de pensar no papel dos livreiros, leiloeiros e extraordinários coleccionadores que em todos os tempos fizeram um esforço, muitas vezes árduo, de preservação deste património único que é o livro. Fazer parte desse lado da história do livro em conjunto com os meus clientes, conforta-me.

Variante

Variante é um termo geral para descrever um exemplar que apresenta algumas variações em qualquer das suas partes em relação a outros exemplares da mesma edição. O seu uso não implica que o exemplar seja uma anormalidade ou possua um defeito de impressão.

O termo deve ser usado apenas quando se põem problemas bibliográficos quanto a prioridades de impressão ou relação entre elas. Por exemplo, um exemplar com uma folha em branco que deveria estar impressa ou um caderno mal encadernado, não é uma variante, mas um erro, um acidente no momento da impressão ou da encadernação. Já a alteração de uma palavra, frase de um texto ou outro elemento, em um ou mais exemplares, constitui uma variante.

Editio Princeps

Expressão latina usada para “primeira edição”. Segundo Carter, o termo é usado pelos mais puristas para as primeiras edições de obras até então conhecidas apenas por manuscritos antes da invenção da imprensa móvel.

Cambão

Cambão é uma expressão que indica a combinação antes do leilão entre duas ou mais pessoas, normalmente profissionais, para que não licitem uns contra os outros, beneficiando mutuamente na descida do preço de martelo ao eliminar a concorrência.

A materialização do benefício manifestava-se de diversas formas. Em mercados mais maduros, depois da aquisição em leilão, os lotes eram leiloados entre si numa venda privada e a diferença entre o valor de aquisição dividido entre os restantes.

Em Portugal, a forma mais comum implicava a cedência de parte a parte nos lotes a licitar ou a deixar sem a venda privada posterior, cada um beneficiando pelo valor não pago nos vários lotes adquiridos e, consequentemente, aumentando as margens de lucro.

Qualquer que fosse a forma, o cambão tinha também efeitos nos outros compradores, como beneficiava todos os que nele participavam, aumentavam a capacidade de lutar contra qualquer outro concorrente.

Segundo John Carter, o cambão tornou-se ilegal em Inglaterra em 1927 e em 1956 a Antiquarian Booksellers’ Association proibiu essa prática aos seus membros. Mas é sabido que a prática perdurou no tempo. Em Portugal, nunca houve um decreto expresso sobre o assunto em leilão e nem mesmo a mais recente legislação lhe faz referência expressa. No entanto, convém lembrar que o cambão se enquadra no âmbito do “cartel”, algo proibido por lei.

Com o advento dos leilões online, estas práticas tornaram-se ainda menos visíveis.

Epístolas de Cataldo

As razões porque nos deixamos deslumbrar por uma profissão no início do desempenho de qualquer função com ela relacionada são sempre muitas. Mas creio que a escolha de uma profissão passa muito – se não decisivamente – pelo desenvolvimento de um universo imaginário que nos fascina e nos absorve. Desejar chegar ao ponto de tornar esse imaginário uma realidade é um motor que nos faz superar desafios ou adversidades e a continuar um caminho que, esperamos, um dia nos leve ao paraíso imaginado.

O universo que envolve a profissão que abracei há 25 anos também tem os seus mundos extraordinários de livros que nunca poderemos folhear, mas que desejamos ardentemente poder um dia fazê-lo. Com pouco mais de 17 anos, claro que os incunábulos seriam o clímax desse universo imaginário. Poder sentir o papel com mais de 500 anos impresso com esforço por verdadeiros artesãos, cheirar o acumular de pó como se dele se pudesse ler estratigraficamente os perfumes que nele repousaram, conhecer-lhe os defeitos como que querendo escrever-lhe a cronologia dos momentos mais marcantes da sua existência ou abraçar a encadernação como a sua melhor amiga que guardou aqueles detalhes que fazem a sua biografia um texto notável, eram, e de alguma maneira ainda são, um dos mais profundos desejos de um jovem aprendiz.

Essa oportunidade acabou por acontecer em várias ocasiões, a primeira das quais num dos primeiros leilões que organizei, e algumas até importantes como a Vita Christi de Ludolfo da Saxónia ainda a trabalhar com meu Pai ou um fragmento do Pentateuco impresso em Lisboa, 1489. Porventura por circunstâncias invisíveis ao sonho juvenil, nenhuma teve o peso com que pude catalogar um bonito exemplar (ainda que com defeitos) das Cartas de Cataldo Sículo.

Fica aqui a ficha bibliográfica completa com os comentários publicados no catálogo do leilão Biblioteca Particular, parte V, lote 32.

CATALDO SÍCULO ou CATALDO PARÍSIO

EPISTOLE et Orationes. Lisboa: Valentim Fernandes, 1500, 21 de Fevereiro. a-h6, i8; [56] ff.; 300 mm.

PRIMEIRA EDIÇÃO deste precioso e importante incunábulo português. “Este precioso incunábulo é, certamente, um dos livros mais raros da nossa Bibliotheca” [D. Manuel, v. 2, p. 51]; “una raritá bibliografica e costituiscono uno dei più preziozi cimeli della tipografia portoguese del secolo XV” [Guido Battelli, p. 4]

A biografia de Cataldo não é de fácil elaboração. Segundo Costa Ramalho [cf. Epistolæ…, Univ. Coimbra, 1988] o humanista é natural de Sciacca na Sicilia, tendo nascido por volta do ano de 1455. Graduou-se em Direito em Ferrara em Fevereiro de 1484 e chegou a Portugal no ano de 1485 ou 1486, a convite de D. João II. Foi entre nós que “o seu contributo para a introdução do humanismo e para a actualização do nosso País com a cultura literária da Europa mais adiantada, a partir da fonte que era então a Itália, o seu papel na europeização cultural dos portugueses foi de grande significado” [Ramalho, p. 11].

Chegou a Portugal por convite de D. João II com a tarefa de educar o filho D. Jorge. Não restringindo a sua actuação a esse discípulo, ensinou, directamente ou por correspondência, variadíssimos nobres da corte, entre eles D. Manuel enquanto Duque de Beja [cf. Bibliografia Geral, p. XLVII]. Tal o seu trabalho como formador que Carolina Michaelis de Vasconcelos lhe dá o título de “præceptor Portugaliæ” [cf. Notas Vicentinas, p. 28].

Neste ano de 1500, Valentim Fernandes fez sair mais duas obras do autor, ‘Poemata‘ e ‘Visiones’ [cf. Bibliografia Geral n. 27 e 28], mas é este seu Epistolæ a maior e mais interessante. A obra contém várias cartas tanto a D. João II como a D. Manuel I, bem como às principais figuras da nobreza, “cheias de curiosos informes sobre a vida portuguesa naquele período do Renascimento” [Bibliografia Geral, p. XLVII]. E é também neste livro que se publica uma celebrada carta do Conde de Alcoutim a Valentim Fernandes.

Sobre o valor do epistolário de Cataldo escreve Guido Battelli: “Se in giorno qualcuno penserá a ripubblicare l’epistolario di lui, quanta luce sulle relazioni culturali dell’Italia col Portogallo! Egli é in corrispondenza con tutti gli uomini più colti del suo tempo; e noi possiamo facilmente immaginarci che gioia e che festa ognuna delle lettere da lui ricevute dall’Italia acranno destato a Corte” [p. 11].

Saiu uma segunda parte das cartas de Cataldo, também por Valentim Fernandes por volta do ano de 1513.

RARÍSSIMO, valioso e muito importante.

Bibliografia: Hain, 4678; Haebler, 136; D. Manuel, 274 [com frontispício e último fólio facsimilado] e v. 2, pp. 51-52; Bibliografia Geral, v. 1, 26 e pp. XLV-LI; Biblios, v. 5, c.14; BATTELLI, Guido, Cataldo Siculo, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1930; SICULO; Cataldo Parisio, Epistolæ et Orationes, Edição fac-similada, introdução de Américo da Costa Ramalho, Coimbra, Universidade, 1988