Francisco Sá de Miranda é, indiscutivelmente, um dos grandes nomes da nossa literatura.
Coimbrão de nascimento, no último quartel do século XV, é provável que tenha obtido o grau de Doutor, pois assim é referido no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Em 1521 viaja para Itália onde permanece até 1526, regressando a Portugal para se instalar na Quinta das Duas Igrejas no Minho, casando mais tarde com D. Briolanja de Azevedo. Assolado por desgostos familiares – a morte da mulher e do filho primogénito em Ceuta – sabe-se que, embora bastante doente, estaria ainda vivo em 1558, morrendo pouco depois dessa data.
Nascido num ambiente cultural onde a poesia possui um carácter formal e uniformizado, patente na publicação do Cancioneiro Geral, a poesia de Sá de Miranda possui um carácter inovador, introduzindo novas formas poéticas até então ausentes do panorama literário português.
É pelo trabalho de Sá de Miranda que se introduzem, segundo Jacinto do Prado Coelho, a comédia em prosa, o decassílabo, novas estruturas estróficas como o terceto, a oitava ou o soneto ou novos subgéneros líricos como a carta, a canção, a elegia ou a écloga.
Esta primeira edição da sua obra é de extrema raridade e a única que recorre aos originais deixados por Sá de Miranda, sem os alterar, reunindo trabalhos que estarão cronologicamente situados entre, aproximadamente, 1527 até à sua morte, depois de Maio de 1558.