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Ordenações Manuelinas na edição impressa por Cronemberg

O corpus legislativo português sofreu uma enorme transformação com as Ordenações Manuelinas, muito em virtude da existência de uma nova tecnologia – a impressão por caracteres móveis.

Desde o início do reinado de D. Manuel que se iniciou um esforço de compilar os livros de ordenações, capítulos de cortes e leis extravagantes para “acabar em breve para que os vossos julgadores saibam o que hão-de julgar e o que Vossa Alteza manda guardar em seus reinos.” [Cortes de 1498, citado a partir de Alves Dias, Ordenações Manuelinas, 500 anos depois, p. 24]

Catorze anos depois, em 1512-1513, conhecia a tinta dos prelos o primeiro sistema de Ordenações Manuelinas.

Durante muito tempo, julgou-se que teriam existido dois sistemas. Aquele primeiro de 1512-1513 e um segundo, a partir de 1521. No entanto, em 2012 uma nova luz se acendeu na história do Direito português ao descobrir-se um terceiro sistema, o segundo na cronologia, de 1518.

Esse desconhecimento durante tanto tempo deveu-se a um facto relativamente simples e de fácil compreensão. Dada grande produção legislativa do Portugal de XVI e da capacidade de difusão alargada com a impressão móvel, proliferavam versões desactualizadas que era necessário substituir. Deste modo, D. Manuel manda que “qualquer pessoa que tiver as Ordenações da impressão velha a rompa e desfaça de maneira que não se possa ler.” [Alvará Régio de 15 de Março de 1521, citado de ALVES DIAS, ob. cit, p. 177]

A edição de 1521 que por ora apresentamos no nosso leilão, num exemplar com algumas falhas, é, assim, a primeira edição do terceiro sistema que vigorou até 1603, ano em que entrou em vigor as chamadas Ordenações Filipinas.

Ainda que o nosso exemplar esteja com vários defeitos e faltas, é, sem sombra de dúvida, uma adição que enriquecerá qualquer biblioteca.

Sobre este assunto, leia-se DIAS, João Alves Dias, Ordenações Manuelinas, 500 Anos Depois, BN, Lisboa, 2012

Veja este e outros lotes no nosso próximo leilão de 30 de Setembro.

Leilão de 30 de Setembro - História & Arte

Deixe já as suas ordens de compra e não se esqueça de apontar na sua agenda as 21h00 da próxima sexta-feira, dia 30 de Setembro

Um exemplar único da Crónica da Companhia de Jesus no Brasil

Na minha vida de livreiro e leiloeiro, por vezes acontecem coisas espantosas e surpreendentes. Muito raramente acontecem coisas únicas, possivelmente irrepetíveis.

Quando comecei a trabalhar neste lote, fi-lo com o mesmo zelo com que encaro todos os lotes que coloco em leilão, seja com base de licitação de 5€ ou de 5000€. Comecei, como sempre faço em títulos impressos até ao século XVIII, por colaccionar o exemplar.

É um exemplar desencadernado, com as duas partes provenientes de dois exemplares diferentes e, percebi quase de imediato, com falhas. Continuei, com o mesmo zelo, mas com pouco entusiasmo.

Mas o livros têm destas coisas. Por vezes, quando tudo leva a querer que vai ser um dia normal, eis que viro a página 177 e, na oposta, está o número 179.

Não podia ser… Parei e abri a bibliografia…

Voltei ao exemplar para confirmar ainda incrédulo.

Confirmado. O exemplar possuía mesmo um dos 10 cadernos que se salvaram da censura inquisitorial com as páginas 179 a 185 onde o Pe. Simão de Vasconcelos defende que o Paraíso havia de ficar por terras brasileiras.

Para o livreiro e leiloeiro, o Paraíso, por momentos, foi mesmo à sua secretária em Azeitão.

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Uma lei de 1539

As leis impressas no século XVI são sempre um objecto muito raro de encontrar. Ao contrário do livro, objecto, como a sua história o demonstra, com uma enorme longevidade (será que os suportes digitais alguma vez sobreviverão 500 ou mais anos?), estas folhas, de carácter muito efémero, tendem a não se encontrar de forma alguma.

Esta, ainda que, infelizmente em mau estado, é um desses casos raros. Impressa em 1539 por Germão Galharde, trata de um assunto sensível para a Coroa portuguesa – quem podia, na época, desempenhar funções relacionadas com o Direito para a Coroa?

Nela são desenhados padrões de formação mínima necessária para esses cargos.

Uma curiosidade acessível a todos.

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Leilão de 30 de Setembro – História & Arte

Já está online o próximo leilão da ECLÉCTICA LEILÕES e já pode deixar as suas Ordens de Compra

Em quase todos os leilões, temos alguma dificuldade em destacar lotes. Para a Ecléctica, todos os títulos são importantes, porque são IMPORTANTES PARA SI e PARA A SUA BIBLIOTECA.

Ocasionalmente, há leilões em que temos menos dificuldade, porque há lotes que se destacam por si, não porque sejam menos importantes que outros, mas porque a sua raridade é tal que os torna de imediato no destaque natural.

 

É o caso do lote 19, VASCONCELOS (Pe. Simão de). CHRONICA da Companhia de Jesv do Estado do Brasil […] Lisboa, 1663 do nosso próximo leilão.

É o primeiro exemplar que conhecemos com as folhas do texto original do Pe. Simão de Vasconcelos para o final da Primeira Parte. Censurados pelo Inquisidor, as páginas 179 a 184 foram substituídas por outras, numeradas a partir da página 185. Sabe-se que já haviam sido impressos 10 exemplares dessas páginas que foram de imediato retiradas e oferecidas pelo autor a alguns seus amigos. Até hoje nunca foi vendido em leilão qualquer exemplar com os fólios censurados, fazendo deste exemplar, único.

Nem mesmo a ausência do primeiro fólio de texto – infelizmente um defeito grave no exemplar – consegue retirar importância ao lote.

 

Por isso, não se atrase, veja este e outros grandes lotes do nosso próximo leilão.

Leilão de 30 de Setembro – História & Arte

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Resultados do Leilão de 23 de Setembro

O leilão “História” de 23 de Setembro já terminou. Veja os resultados.

Resultados do Leilão de 23 de Setembro

Incunábulo

Incunábulo é o termo utilizado para designar os livros impressos em caracteres móveis até 1501. 

O termo usado no contexto da bibliofilia foi fixado por Beughem, em 1688, ao publicar uma bibliografia onde se listavam cerca de 3000 títulos impressos até 1501 e cujo título era Incunabula Typographiae. A partir dessa data, o incunábulo tornou-se numa categoria distinta de livros. 

Um incunábulo caracteriza-se em boa parte dos casos pela ausência de título, texto no primeiro fólio impresso a duas colunas e dados relativos ao pé de imprensa no cólofon. Deve distinguir-se da impressão de gravuras ou de livros impressos em blocos de madeira que não são considerados incunábulos.
Conhecem-se cerca de 27000 edições separadas de incunábulos, variando o número de exemplares impressos conforme o capital disponível e o número de vendas esperado. Registos sobre o número de exemplares por cada edição são muito raros, mas parecem ter aumentado ao longo do tempo, chegando a cerca de 1400 para a edição latina da famosa Crónica de Nuremberg impressa naquela cidade em 1492. 

A British Library tem disponível para consulta na internet o seu Incunabula Short Title Catalogue (http://www.bl.uk/catalogues/istc/ – consultado a 26/10/2017) que pretende registar todo o material sobrevivente impresso em caracteres móveis até 1501, incluindo algumas edições do século XVII cuja datação foi erroneamente atribuída como sendo anterior. 

Sobre incunábulos portugueses existem algumas bibliografias essenciais, além dos óbvios Dicionários de Inocêncio e Barbosa, a Bibliografia Geral Portuguesa, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1941-1983 ou a obra de Konrad Haebler, Bibliografía Ibérica del Siglo XV, publicada originalmente em 1903 são fundamentais. Outras fontes são o catálogo da Biblioteca d’El Rei D. Manuel II. 

Pela ECLÉCTICA LEILÕES já passaram vários incunábulos, alguns deles muitíssimo importantes para a história do livro, nomeadamente os extraordinários Schedell e a sua Crónica de Nuremberg ou o Canto de Polifilio. De entre os incunábulos portugueses orgulhamo-nos de já ter tido um exemplar parcial do Comentário ao Pentateuco de Moises ben Mahman, impresso em Lisboa em 1489 e um exemplar das Cartas de Cataldo Sículo impresso por Valentim Fernandes em Lisboa, 1500.

BEUGHEM, Cornelis van 

Bibliógrafo holandês que trabalhou com vários impressores de Amsterdão, tendo fundado a sua própria livraria na localidade natal de Emmerich, em 1680. Compilou várias bibliografias temáticas de extraordinária qualidade, entre as quais a primeira bibliografia sobre Incunábulos, Incunabula Typographiae, em 1688.