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De Como a Catarina passou dos “Patinhas” ao Eça

A história desta semana que começa em 1993 quando o Nuno e a Catarina começaram o seu relacionamento.

A Catarina sempre apreciou mais os bicos de Bunsen ou as placas de Petri que a literatura, com excepção daqueles pequenos livrinhos, com o Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey e Gastão como protagonistas, com os quais gastava muitas horas de ócio.

Ao longo de um ou dois anos o Nuno, sem qualquer sucesso, diga-se, tentou que a Catarina entrasse noutro universo, maior, mais rico e mais desafiante. Nada contra os “Patinhas”, que também os lia, mas queria que a mulher da sua vida entrasse mais no seu mundo e houvesse mais outra coisa em comum.

Um dia, cansado de tentar livros e livrinhos, num acto de puro desespero, propôs-lhe um último desafio que, se se frustrasse, nunca mais a aborreceria com o assunto. Ousado, o Nuno pediu à Catarina que abrisse Os Maias com o compromisso de o ler até um capítulo depois da descrição do Ramalhete. Caso, lidas essas páginas, a Catarina não quisesse continuar, nunca mais o assunto seria assunto. Ela aceitou, quer-nos parecer mais para calar o Nuno definitivamente que para superar o desafio.

Não sem um quê de superstição, o Nuno nem sequer indagava como estava a leitura, deixando o tempo passar. No fim de semana seguinte, sem programa, enquanto permaneciam desinteressados de tudo na pequena sala de estar da casa dos pais, a Catarina tira o volume vermelho da edição dos Livros do Brasil da mochila e abre-o bem para lá de meio. A pergunta que o Nuno estava prestes a fazer guardou-se bem no fundo do esquecimento, sorrindo para dentro, calado e satisfeito.

Algum tempo depois, a Catarina, desembaraçada, perguntou ao Nuno: — Que achaste da Relíquia?… E ainda hoje, a Catarina regressa ao Eça de quando em vez, bem mais que o Nuno.